Verbo

 

VERBO


Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros processos:

ação (correr);

estado (ficar);

fenômeno (chover);

ocorrência (nascer);

desejo (querer).

O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus possíveis significados. Observe que palavras como corrida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns verbos mencionados acima; não apresentam, porém, todas as possibilidades de flexão que esses verbos possuem.

Estrutura das Formas Verbais

Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode apresentar os seguintes elementos:

a) Radical: é a parte invariável, que expressa o significado essencial do verbo.

Por exemplo:

fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-)

b) Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a conjugação a que pertence o verbo.

Por exemplo:

fala-r

São três as conjugações:

1ª - Vogal Temática - A - (falar)

2ª - Vogal Temática - E - (vender)

3ª - Vogal Temática - I - (partir)

c) Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o tempo e o modo do verbo.

Por exemplo:

 

falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.)

 

falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) 

d) Desinência número-pessoal: é o elemento que designa a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou plural).

Por exemplo:

 

falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)

 

falava(indica a 3ª pessoa do plural.)

Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados ( compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal "e", apesar de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas formas do verbo: põe, pões, põem, etc.

Formas Rizotônicas e Arrizotônicas

Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos verbos com o conceito de acentuação tônica, percebemos com facilidade que nas formas rizotônicas, o acento tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai no radical, mas sim na terminação verbal: opinei, aprenderão, nutriamos.

 

Classificação dos Verbos

Classificam-se em:

a) Regulares: são aqueles que possuem as desinências normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alterações no radical.

Por exemplo:

canto     cantei      cantarei     cantava      cantasse

b) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações no radical ou nas desinências.

Por exemplo:

faço     fiz      farei     fizesse

c) Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais.

Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os principais verbos impessoais são:

a) haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se ou fazer (em orações temporais).

Por exemplo:

Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
Deixei de fumar  muitos anos. ( = faz)

b) fazer, ser e estar (quando indicam tempo)

Por exemplo:

Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
Era primavera quando a conheci.
Estava frio naquele dia.

c) Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, "Amanheci mal-humorado", usa-se o verbo "amanhecer" em sentido figurado. Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal.

Por exemplo:

Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

d) São impessoais, ainda:

1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo. Ex.: Já passa das seis.
2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de, indicando suficiência. Ex.: Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem referência a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, tais verbos, então, pessoais.
4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de "ser possível". Por exemplo:

Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uns trocados?

 

Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, se conjugam apenas  nas terceiras pessoas, do singular e do plural.

Por exemplo:

A fruta amadureceu.

As frutas amadureceram.

Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:

Teu irmão amadureceu bastante.

Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de animais; eis alguns:

bramar: tigre

bramir: crocodilo

cacarejar: galinha

coaxar: sapo

cricrilar: grilo

Os principais verbos unipessoais são:

1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário, etc.).

Observe os exemplos:

Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos bastante.)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)

2. fazer ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.

Observe os exemplos:

Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fumar.)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)

Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.

Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos morfológicos ou eufônicos.

Por exemplo:

  verbo falir

Este verbo teria como formas do presente do indicativo falofales, fale, idênticas às do verbo falar - o que provavelmente causaria problemas de interpretação em certos contextos.

Por exemplo:


  verbo computar

Este verbo teria como formas do presente do indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de formas verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e a popularização da informática, tem sido conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.

d) Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).

Observe:

INFINITIVO

PARTICÍPIO REGULAR

PARTICÍPIO IRREGULAR

Anexar

Anexado

Anexo

Dispersar

Dispersado

Disperso

Eleger

Elegido

Eleito

Envolver

Envolvido

Envolto

Imprimir

Imprimido

Impresso

Matar

Matado

Morto

Morrer

Morrido

Morto

Pegar

Pegado

Pego

Soltar

Soltado

Solto

 

 

e) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação.

Por exemplo:

Ir

Pôr

Ser

Saber

vou
vais
ides
fui
foste

ponho
pus
pôs
punha

sou
és
fui
foste
seja

sei
sabes
soube
saiba

 

f) Auxiliares

São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Por exemplo: 
                          Vou                       espantar           as          moscas.

                   (verbo auxiliar)       (verbo principal no infinitivo)

 

                      Está                            chegando                      a         hora     do    debate.

               (verbo auxiliar)      (verbo principal no gerúndio)                 

                   

                    Os       noivos         foram                    cumprimentados                  por           todos        os     presentes. 

                                            (verbo auxiliar)     (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Presente

Pretérito
Perfeito

Pretérito
Imperfeito

Pretérito
Mais-Que-Perfeito

Futuro do
Presente

Futuro do
Pretérito

 

sou

fui

era

fora

serei

seria

 

és

foste

eras

foras

serás

serias

 

é

foi

era

fora

será

seria

 

somos

fomos

éramos

fôramos

seremos

seríamos

 

sois

fostes

éreis

fôreis

sereis

seríeis

 

são

foram

eram

foram

serão

seriam

 

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

SER - Modo Subjuntivo

Presente

Pretérito Imperfeito

Futuro

que eu seja

se eu fosse

quando eu for

que tu sejas

se tu fosses

quando tu fores

que ele seja

se ele fosse

quando ele for

que nós sejamos

se nós fôssemos

quando nós formos

que vós sejais

se vós fôsseis

quando vós fordes

que eles sejam

se eles fossem

quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo

Negativo

sê tu

não sejas tu

seja você

não seja você

sejamos nós

não sejamos nós

sede vós

não sejais vós

sejam vocês

não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal

Infinitivo Pessoal

Gerúndio

Particípio

ser

ser eu

sendo

sido

 

seres tu

 

 

 

ser ele

 

 

 

sermos nós

 

 

 

serdes vós

 

 

 

serem eles

 

 

ESTAR - Modo Indicativo

Presente

Pretérito
Perfeito

Pretérito
Imperfeito

Pretérito
Mais-Que-Perfeito

Futuro do
Presente

Futuro do
Pretérito

estou

estive

estava

estivera

estarei

estaria

estás

estiveste

estavas

estiveras

estarás

estarias

está

esteve

estava

estivera

estará

estaria

estamos

estivemos

estávamos

estivéramos

estaremos

estaríamos

estais

estivestes

estáveis

estivéreis

estareis

estaríeis

estão

estiveram

estavam

estiveram

estarão

estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente

Pretérito Imperfeito

Futuro

Afirmativo

Negativo

esteja

estivesse

estiver

 

 

estejas

estivesses

estiveres

está

estejas

esteja

estivesse

estiver

esteja

esteja

estejamos

estivéssemos

estivermos

estejamos

estejamos

estejais

estivésseis

estiverdes

estai

estejais

estejam

estivessem

estiverem

estejam

estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal

Infinitivo Pessoal

Gerúndio

Particípio

 

estar

estar

estando

estado

 

 

estares

 

 

 

 

estar

 

 

 

 

estarmos

 

 

 

 

estardes

 

 

 

 

estarem

 

 

 

 

HAVER - Modo Indicativo

Presente

Pretérito
Perfeito

Pretérito
Imperfeito

Pretérito
Mais-Que-Perfeito

Futuro do
Presente

Futuro do
Pretérito

hei

houve

havia

houvera

haverei

haveria

hás

houveste

havias

houveras

haverás

haverias

houve

havia

houvera

haverá

haveria

havemos

houvemos

havíamos

houvéramos

haveremos

haveríamos

haveis

houvestes

havíeis

houvéreis

havereis

haveríeis

hão

houveram

haviam

houveram

haverão

haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente

Pretérito Imperfeito

Futuro

Afirmativo

Negativo

haja

houvesse

houver

 

 

hajas

houvesses

houveres

hajas

haja

houvesse

houver

haja

haja

hajamos

houvéssemos

houvermos

hajamos

hajamos

hajais

houvésseis

houverdes

havei

hajais

hajam

houvessem

houverem

hajam

hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal

Infinitivo Pessoal

Gerúndio

Particípio

haver

haver

havendo

havido

 

haveres

 

 

 

haver

 

 

 

havermos

 

 

 

haverdes

 

 

 

haverem

 

 

TER - Modo Indicativo

Presente

Pretérito
Perfeito

Pretérito
Imperfeito

Pretérito
Mais-Que-Perfeito

Futuro do
Presente

Futuro do
Pretérito

tenho

tive

tinha

tivera

terei

teria

tens

tiveste

tinhas

tiveras

terás

terias

tem

teve

tinha

tivera

terá

teria

temos

tivemos

tínhamos

tivéramos

teremos

teríamos

tendes

tivestes

tínheis

tivéreis

tereis

teríeis

têm

tiveram

tinham

tiveram

terão

teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente

Pretérito Imperfeito

Futuro

Afirmativo

Negativo

tenha

tivesse

tiver

 

 

tenhas

tivesses

tiveres

tem

tenhas

tenha

tivesse

tiver

tenha

tenha

tenhamos

tivéssemos

tivermos

tenhamos

tenhamos

tenhais

tivésseis

tiverdes

tende

tenhais

tenham

tivessem

tiverem

tenham

tenham

g) Pronominais

São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:

1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está implícita no radical do verbo.

Por exemplo:

Arrependi-me de ter estado lá.

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo.  

Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes): 


Eu me arrependo 

Tu te arrependes 

Ele se arrepende 

Nós nos arrependemos 

Vós vos arrependeis 

Eles se arrependem

 

2. Acidentais:  são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva.

Por exemplo: Maria se penteava.

A reflexibilidade se diz acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa.

Por exemplo: Maria penteou-me.

 

Observações:

1- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função sintática.

2- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronominais, são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas.

Por exemplo:

Eu me feri. ----- Eu (sujeito)-1ª pessoa do singular
me (objeto direto) - 1ª pessoa do singular

Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três modos: 

Indicativo - indica uma certeza, uma realidade. Por exemplo: Eu sempre estudo.
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade. Por exemplo: Talvez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido. Por exemplo: Estuda agora, menino.

Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe: 

a) Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substantivo.

Por exemplo:

Viver é lutar. (= vida é luta)


É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta).

Por exemplo:

É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

b) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:

2ª pessoa do singular: Radical + ES

Ex.: teres(tu)

1ª pessoa do plural: Radical + MOS

Ex.: termos (nós)

2ª pessoa do plural: Radical + DES

Ex.: terdes (vós)

3ª pessoa do plural: Radical + EM

Ex.: terem (eles)

Por exemplo:

Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

c) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio.

Por exemplo: 

Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)

Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função adjetivo)

Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta, uma ação concluída.

Por exemplo:

Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.

Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.

d) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica geralmente o  resultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau.

Por exemplo:

Terminados os exames, os candidatos saíram.

Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo (adjetivo verbal).

Por exemplo:

Ela foi a aluna escolhida para representar a escola.

Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos. Veja:

1. Tempos do Indicativo


Presente - Expressa um fato atual.

Por exemplo:

Eu estudo neste colégio.

Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente terminado.

Por exemplo:

Ele estudava as lições quando foi interrompido.

Pretérito Perfeito (simples) - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado.

Por exemplo:

Ele estudou as lições ontem à noite.

Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato que teve início no passado e que pode se prolongar até o momento atual.

Por exemplo:

Tenho estudado muito para os exames.

Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado.

Por exemplo:

Ele já tinha estudado as lições quando os amigos chegaram. (forma composta)

Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram. (forma simples)

Futuro do Presente (simples)  - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual.

Por exemplo: 

Ele estudará as lições amanhã.

Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato que deve ocorrer posteriormente a um momento atual, mas já terminado antes de outro fato futuro.

Por exemplo:

Antes de bater o sinal, os alunos já terão terminado o teste.

Futuro do Pretérito (simples) - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado.

Por exemplo:

Se eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias.

Futuro do Pretérito (composto) - Enuncia um fato que poderia ter ocorrido posteriormente a um determinado fato passado.

Por exemplo: 

Se eu tivesse ganho esse dinheiro, teria viajado nas férias.

2. Tempos do Subjuntivo

Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual.

Por exemplo:

É conveniente que estudes para o exame.

Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido.

Por exemplo:

Eu esperava que ele vencesse o jogo.

Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou desejo.

Por exemplo:

Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato totalmente terminado num momento passado.

Por exemplo:

Embora tenha estudado bastante,  não passou no teste.

Pretérito Mais-Que-Perfeito (composto) - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado.

Por exemplo:

Embora o teste já tivesse começado, alguns alunos puderam entrar na sala de exames.

Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual.

Por exemplo:

Quando ele vier à loja, levará as encomendas.

Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo.

Por exemplo:

Se ele vier à loja, levará as encomendas.

Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato posterior ao momento atual mas já terminado antes de outro fato futuro.

Por exemplo: Quando ele tiver saído do hospital, nós o visitaremos.

Formação dos Tempos Simples

Quanto à formação dos tempos simples, estes dividem-se em primitivos e derivados.

Primitivos:
presente do indicativo 
pretérito perfeito do indicativo
infinitivo impessoal 

Derivados do Presente do Indicativo:
Presente do subjuntivo 
Imperativo afirmativo
Imperativo negativo

Derivados do Pretérito Perfeito do Indicativo:
Pretérito mais-que-perfeito do indicativo
Pretérito imperfeito do subjuntivo
Futuro do subjuntivo

Derivados do Infinitivo Impessoal:
Futuro do presente do indicativo
Futuro do pretérito do indicativo
Imperfeito do indicativo
Gerúndio
Particípio

 

Tempos Primitivos

Presente do Indicativo

1ª conjugação

2ª conjugação

3ª conjugação

Desinência pessoal

CANTAR

VENDER

PARTIR

 

cantO

vendO

partO

O

cantaS

vendeS

parteS

S

canta

vende

parte

-

cantaMOS

vendeMOS

partiMOS

MOS

cantaIS

vendeIS

partIS

IS

cantaM

vendeM

parteM

M

 

Pretérito Perfeito do Indicativo

O pretérito perfeito do indicativo é marcado basicamente pela desinência pessoal.

1ª conjugação

2ª conjugação

3ª conjugação

Desinência pessoal

CANTAR

VENDER

PARTIR

 

canteI

vendI

partI

I

cantaSTE

vendeSTE

partISTE

STE

cantoU

vendeU

partiU

U

cantaMOS

vendeMOS

partiMOS

MOS

cantaSTES

vendeSTES

partISTES

STES

cantaRAM

vendeRAM

partiRAM

RAM

 
 

Infinitivo Impessoal

1ª conjugação

2ª conjugação

3ª conjugação

CANTAR

VENDER

PARTIR

 

Tempos Derivados do Presente do Indicativo

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjugação

2ª conjugação

3ª conjugação

Des. temporal

Des. temporal

Desinência pessoal

 

1ª conj.

2ª/3ª conj.

 

CANTAR

VENDER

PARTIR

     

cantE

vendA

partA

E

A

o

cantES

vendAS

partaAS

E

A

S

cantE

vendA

partaA

E

A

o

cantEMOS

vendAMOS

partAMOS

E

A

MOS

cantEIS

vendAIS

partAIS

E

A

IS

cantEM

vendAM

partAM

E

A

M

 

 

Imperativo

Imperativo Afirmativo ou Positivo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do plural (vós) eliminando-se o "S" final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja: 

Presente do Indicativo

Imperativo Afirmativo

Presente do Subjuntivo

 

Eu canto

---

Que eu cante

Tu cantas

CantA tu

Que tu cantes

Ele canta

Cante você

Que ele cante

Nós cantamos

Cantemos nós

Que nós cantemos

Vós cantais

CantAI vós

Que vós canteis

Eles cantam

Cantem vocês

Que eles cantem

 

 

 

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo

Imperativo Negativo

 

Que eu cante

---

Que tu cantes

Não cantes tu

Que ele cante

Não cante você

Que nós cantemos

Não cantemos nós

Que vós canteis

Não canteis vós

Que eles cantem

Não cantem eles

 

 

Observações:

- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.

- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

 

Tempos Derivados do Pretérito Perfeito do Indicativo

Pretérito mais-que-perfeito

Para formar o pretérito mais-que-perfeito do indicativo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -RA mais a desinência de número e pessoa correspondente. 

Existem gramáticos que afirmam que este tempo origina-se da terceira pessoa do plural do pretérito perfeito (cantaram/venderam/partiram), mediante a supressão do m final e acréscimo da desinência de número e pessoa.

Ou simplesmente:

tema + {-ra, -ras, -ra, -ramos, -reis, -ram (1ª, 2ª e 3ª conj.)

Observe o quadro:

1ª conjugação

2ª conjugação

3ª conjugação

Des. temporal

Desinência pessoal

 

1ª/2ª e 3ª conj.

 

CANTAR

VENDER

PARTIR

   

cataRA

vendeRA

partiRA

RA

o

cantaRAS

vendeRAS

partiRAS

RA

S

cantaRA

vendeRA

partiRA

RA

o

cantáRAMOS

vendêRAMOS

partíRAMOS

RA

MOS

cantáREIS

vendêREIS

partíREIS

RE

IS

cantaRAM

vendeRAM

partiRAM

RA

M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo


Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número e pessoa correspondente.


Outros gramáticos afirmam que este tempo origina-se da terceira pessoa do pretérito perfeito (cantaram/venderam/partiram) mediante a supressão do -ram final e acréscimo da desinência modo-temporal -SSE e da desinência de número e pessoa.

Ou simplesmente:

tema +{ -sse, -sses, -sse, -ssemos, -sseis, -ssem (1ª, 2ª e 3ª conj.)

Observe o quadro:

1ª conjugação

2ª conjugação

3ª conjugação

Des. temporal

Desinência pessoal

 

1ª /2ª e 3ª conj.

 

CANTAR

VENDER

PARTIR

   

cantaSSE

vendeSSE

partiSSE

SSE

o

cantaSSES

vendeSSES

partiSSES

SSE

S

cantaSSE

vendeSSE

partiSSE

SSE

o

cantáSSEMOS

vendêSSEMOS

partíSSEMOS

SSE

MOS

cantáSSEIS

vendêSSEIS

partíSSEIS

SSE

IS

cantaSSEM

vendeSSEM

partiSSEM

SSE

M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa correspondente.

Outros gramáticos afirmam que este tempo origina-se da terceira pessoa do pretérito perfeito (cantaram/venderam/partiram) mediante a supressão do -am final e acréscimo da desinência de número e pessoa.

Ou simplesmente:

tema + { -r, -res, -r, -rmos, -rdes, -rem (1ª, 2ª e 3ª conj.)

Observe o quadro:

1ª conjugação

2ª conjugação

3ª conjugação

Des. temporal

Desinência pessoal

 

1ª /2ª e 3ª conj.

 

CANTAR

VENDER

PARTIR

   

cantaR

vendeR

partiR

Ø

 

cantaRES

vendeRES

partiRES

R

ES

cantaR

vendeR

partiR

R

o

cantaRMOS

vendeRMOS

partiRMOS

R

MOS

cantaRDES

vendeRDES

partiRDES

R

DES

cantaREM

VendeREM

PartiREM

R

EM

 

Atenção:

Sempre que tivermos dúvidas sobre a conjugação do futuro do subjuntivo, bastar-nos-á verificar a 3ª p. p. do pretérito perfeito. Se formos confrontar o futuro do subjuntivo com o infinitivo pessoal, notaremos haver igualdade de forma para muitos verbos, o que não ocorre sempre. O verbo fazer, por exemplo, conjuga-se no infinitivo pessoal: fazer, fazeres, fazer, fazermos, fazerdes, fazerem; mas no futuro do subjuntivo veremos as formas: quando eu fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem, pois este tempo se origina da 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo.

 

 

Tempos Derivados do Infinitivo Impessoal

Futuro do Presente do Indicativo

Infinitivo Impessoal + { -ei, -ás, -á, -emos, -eis, -ão (1ª,2ª e 3ª conj.) }

Veja:

1ª conjugação

2ª conjugação

3ª conjugação

CANTAR

VENDER

PARTIR

cantar ei

vender ei

partir ei

cantar ás

vender ás

partir ás

cantar á

vender á

partir á

cantar emos

vender emos

partir emos

cantar eis

vender eis

partir eis

cantar ão

vender ão

partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

Infinitivo Impessoal + { -ia, -ias, -ia, -íamos, -íeis, -iam (1ª, 2ª e 3ª conj.)

Veja:

1ª conjugação

2ª conjugação

3ª conjugação

CANTAR

VENDER

PARTIR

cantarIA

venderIA

partirIA

cantarIAS

venderIAS

partirIAS

cantarIA

venderIA

partirIA

cantarÍAMOS

venderÍAMOS

partirÍAMOS

cantarÍEIS

venderÍEIS

partirÍEIS

cantarIAM

venderIAM

partirIAM

Infinitivo Pessoal

Infinitivo Impessoal + { -es (2ª pessoa do singular), -mos (1ª pessoa do plural), -des (2ª pessoa do plural), -em ( 3ª pessoa do plural) (1ª, 2ª e 3ª conj.)

Veja:

1ª conjugação

2ª conjugação

3ª conjugação

CANTAR

VENDER

PARTIR

cantar

vender

partir

cantarES

venderES

partirES

cantar

vender

partir

cantarMOS

venderMOS

partirMOS

cantarDES

venderDES

partirDES

cantarEM

venderEM

partirEM

 

Tempos Compostos

São formados por locuções verbais que têm como auxiliares os verbos ter haver e como principal, qualquer verbo no particípio. São eles:

01) Pretérito Perfeito Composto do Indicativo:

É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do Indicativo e o principal no particípio, indicando fato que tem ocorrido com frequência ultimamente.

Por exemplo:

Eu tenho estudado demais ultimamente.

02) Pretérito Perfeito Composto do Subjuntivo:

É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do Subjuntivo e o principal no particípio, indicando desejo de que algo já tenha ocorrido.

Por exemplo:

Espero que você tenha estudado o suficiente, para conseguir a aprovação.

03) Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Indicativo:

É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Pretérito Imperfeito do Indicativo e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo simples.

Por exemplo:

Eu já tinha estudado no Maxi, quando conheci Magali.

04) Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Subjuntivo:

É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Pretérito Imperfeito do Subjuntivo e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo simples.

Por exemplo:

Eu teria estudado no Maxi, se não me tivesse mudado de cidade.

Obs.: perceba que todas as frases remetem a ação obrigatoriamente para o passado. A frase Se eu estudasse, aprenderia é completamente diferente de Se eu tivesse estudado, teria aprendido.

05) Futuro do Presente Composto do Indicativo:

É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Presente simples do Indicativo e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Presente simples do Indicativo.

Por exemplo:

Amanhã, quando o dia amanhecer, eu já terei partido.

06) Futuro do Pretérito Composto do Indicativo:

É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Pretérito simples do Indicativo e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Pretérito simples do Indicativo.

Por exemplo:

Eu teria estudado no Maxi, se não me tivesse mudado de cidade.

07) Futuro Composto do Subjuntivo:

É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Subjuntivo simples e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Subjuntivo simples.

Por exemplo:

Quando você tiver terminado sua série de exercícios, eu caminharei 6 Km.

Veja os exemplos:

Quando você chegar à minha casa, telefonarei a Manuel.

Quando você chegar à minha casa, já terei telefonado a Manuel.

Perceba que o significado é totalmente diferente em ambas as frases apresentadas. No primeiro caso, esperarei "você" praticar a sua ação para, depois, praticar a minha; no segundo, primeiro praticarei a minha. Por isso o uso do advérbio "já".

Assim, observe que o mesmo ocorre nas frases a seguir::

Quando você tiver terminado o trabalho, telefonarei a Manuel.

Quando você tiver terminado o trabalho, já terei telefonado a Manuel.

08) Infinitivo Pessoal Composto:

É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Infinitivo Pessoal simples e o principal no particípio, indicando ação passada em relação ao momento da fala.

Por exemplo:

Para você ter comprado esse carro, necessitou de muito dinheiro.

 

ocuções Verbais

Outro tipo de conjugação composta - também chamada conjugação perifrástica - são as locuções verbais, constituídas de verbos auxiliares mais gerúndio ou infinitivo. São conjuntos de verbos que, numa frase, desempenham papel equivalente ao de um verbo único. Nessas locuções, o último verbo, chamado principal, surge sempre numa de suas formas nominais; as flexões de tempo, modo, número e pessoa ocorrem nos verbos auxiliares. Observe os exemplos:

Estou lendo o jornal.

Marta veio correndo: o noivo acabara de chegar.

Ninguém poderá sair antes do término da sessão.

A língua portuguesa apresenta uma grande variedade dessas locuções, conseguindo exprimir por meio delas os mais variados matizes de significado. Ser (estar, em algumas construções) é usado nas locuções verbais que exprimem a voz passiva analítica do verbo. Poder e dever são auxiliares que exprimem a potencialidade ou a necessidade de que determinado processo se realize ou não. Veja:

Pode ocorrer algo inesperado durante a festa.

Deve ocorrer algo inesperado durante a festa.

Outro auxiliar importante é querer, que exprime vontade, desejo.

Por exemplo:

Quero ver você hoje.

Também são largamente usados como auxiliares: começar a, deixar de, voltar a, continuar a, pôr-se a, ir, vire estar, todos ligados à noção de aspecto verbal.

Aspecto Verbal

No que se refere ao estudo de valor e emprego dos tempos verbais, é possível perceber diferenças entre o pretérito perfeito e o pretérito imperfeito do indicativo. A diferença entre esses tempos é uma diferença deaspecto, pois está ligada à duração do processo verbal. Observe:

- Quando o vi, cumprimentei-o.

O aspecto é perfeito, pois o processo está concluído.

- Quando o via cumprimentava-o.

O aspecto é imperfeito, pois o processo não tem limites claros, prolongando-se por período impreciso de tempo.

O presente do indicativo e o presente do subjuntivo apresentam aspecto imperfeito, pois não impõem precisos ao processo verbal:

- Faço isso sempre.

- É provável que ele faça isso sempre.

Já o pretérito mais-que-perfeito, como o próprio nome indica, apresenta aspecto perfeito em suas várias formas do indicativo e do subjuntivo, pois traduz processos já concluídos:

- Quando atingimos o topo da montanha, encontramos a bandeira que ele fincara (ou havia fincado) dois dias antes.

- Se tivéssemos chegado antes, teríamos conseguido fazer o exame.

Outra informação aspectual que a oposição entre o perfeito  e imperfeito pode fornecer diz respeito à localização do processo no tempo. Os tempos perfeitos podem ser usados para exprimir processos localizados num ponto preciso do tempo:

- No momento em que o viacenei-lhe.

- Tinha-o cumprimentado logo que o vira.

Já os tempos imperfeitos podem indicar processos frequentes e repetidos:

- Sempre que saíatrancava todas as portas. 

O aspecto permite a indicação de outros detalhes relacionados com a duração do processo verbal. Veja:

- Tenho encontrado problemas em meu trabalho.

Esse tempo, conhecido como pretérito perfeito composto do indicativo, indica um processo repetido ou frequente, que se prolonga até o presente.

- Estou almoçando.

A forma composta pelo auxiliar estar seguido do gerúndio do verbo principal indica um processo que se prolonga. É largamente empregada na linguagem cotidiana, não só no presente, mas também em outros tempos (estava almoçando, estive almoçando, estarei almoçando, etc.).

Obs.: em Portugal, costuma-se utilizar o infinitivo precedido da preposição a em lugar do gerúndio.

Por exemplo: Estou a almoçar.

- Tudo estará resolvido quando ele chegar. Tudo estaria resolvido quando ele chegasse.

As formas compostas: estará resolvido e estaria resolvido, conhecidas como futuro do presente e futuro do pretérito compostos do indicativo, exprimem processo concluído - é a ideia do aspecto perfeito - ao qual se acrescenta a noção de que os efeitos produzidos permanecem, uma vez realizada a ação.

- Os animais noturnos terminaram de se recolher mal começou a raiar o dia.

Nas duas locuções destacadas, mais duas noções ligadas ao aspecto verbal: a indicação do término e do início do processo verbal.

- Eles vinham chegando à proporção que nós íamos saindo. 

As locuções formadas com os auxiliares vir e ir exprimem processos que se prolongam.

- Ele voltou a trabalhar depois de deixar de sonhar projetos irrealizáveis.

As locuções destacadas exprimem o início de um processo interrompido e a interrupção de outro, respectivamente.

Emprego do Infinitivo Impessoal e Pessoal

Infinitivo Impessoal

Quando se diz que um verbo está no infinitivo impessoal, isso significa que ele apresenta sentido genérico ou indefinido, não relacionado a nenhuma pessoa, e sua forma é invariável. Assim, considera-se apenas o processo verbal.

Por exemplo:

Amar é sofrer.

O infinitivo pessoal, por sua vez, apresenta desinências de número e pessoa.

Veja:

 

-

Eu

falar

-es

Tu

vender

-

Ele

partir

-mos

Nós

 

-des

Vós

 

-em

Eles

Observe que, embora não haja desinências para a 1ª e 3ª pessoas do singular (cujas formas são iguais às do infinitivo impessoal), elas não deixam de referir-se às respectivas pessoas do discurso (o que será esclarecido apenas pelo contexto da frase).

Por exemplo:

Para ler melhor, eu uso estes óculos. (1ª pessoa)
Para ler melhor, ela usa estes óculos. (3ª pessoa)

Note: as regras que orientam o emprego da forma variável ou invariável do infinitivo não são todas perfeitamente definidas. Por ser o infinitivo impessoal mais genérico e vago, e o infinitivo pessoal mais preciso e determinado, recomenda-se usar este último sempre que for necessário dar à frase maior clareza ou ênfase.

Observações importantes:

O infinitivo impessoal é usado:

1. Quando apresenta uma ideia vaga, genérica, sem se referir a um sujeito determinado;

Por exemplo:

Querer é poder
Fumar prejudica a saúde. 
É proibido colar cartazes neste muro.

2. Quando tiver o valor de Imperativo;

Por exemplo:

Soldados, marchar! (= Marchai!)


3. Quando é regido de preposição e funciona como complemento de um substantivo, adjetivo ou verbo da oração anterior;

Por exemplo:

Eles não têm o direito de gritar assim. 
As meninas foram impedidas de participar do jogo. 
Eu os convenci a aceitar.

No entanto, na voz passiva dos verbos "contentar", "tomar" e "ouvir", por exemplo, o Infinitivo (verbo auxiliar) deve ser flexionado.

Por exemplo:

Eram pessoas difíceis de serem contentadas. 
Aqueles remédios são ruins de serem tomados. 
Os CDs que você me emprestou são agradáveis de serem ouvidos.

4. Nas locuções verbais;

Por exemplo:

Queremos acordar bem cedo amanhã. 
Eles não podiam reclamar do colégio. 
Vamos pensar no seu caso.

5. Quando o sujeito do infinitivo é o mesmo do verbo da oração anterior;

Por exemplo:

Eles foram condenados a pagar pesadas multas. 
Devemos sorrir ao invés de chorar. 
Tenho ainda alguns livros por (para) publicar. 

Observação: quando o infinitivo preposicionado, ou não, preceder ou estiver distante do verbo da oração principal (verbo regente), pode ser flexionado para melhor clareza do período e também para se enfatizar o sujeito (agente) da ação verbal.

Por exemplo:

Na esperança de sermos atendidos, muito lhe agradecemos. 
Foram dois amigos à casa de outro, a fim de jogarem futebol. 
Para estudarmos, estaremos sempre dispostos. 
Antes de nascerem, já estão condenadas à fome muitas crianças. 

6. Com os verbos causativos "deixar", "mandar"e "fazer" e seus sinônimos que não formam locução verbal com o infinitivo que os segue;

Por exemplo:

Deixei-os sair cedo hoje.

7. Com os verbos sensitivos "ver", "ouvir", "sentir" e sinônimos, deve-se também deixar o infinitivo sem flexão.

Por exemplo:

Vi-os entrar atrasados. 
Ouvi-as dizer que não iriam à festa.

Observações:

a) É inadequado o emprego da preposição "para" antes dos objetos diretos de verbos como "pedir", "dizer", "falar" e sinônimos;

Pediu para Carlos entrar. (errado) 
Pediu para que Carlos entrasse. (errado) 
Pediu que Carlos entrasse. (correto)

b) Quando a preposição "para" estiver regendo um verbo, como na oração "Este trabalho é para eu fazer", pede-se o emprego do pronome pessoal "eu", que se revela, neste caso, como sujeito.

Outros exemplos:

Aquele exercício era para eu corrigir. 
Esta salada é para eu comer? 
Ela me deu um relógio para eu consertar.

Atenção:

Em orações como "Esta carta é para mim!", a preposição está ligada somente ao pronome, que deve se apresentar oblíquo tônico.

Infinitivo Pessoal

Quando se diz que um verbo está no infinitivo pessoal, isso significa que ele atribui um agente ao processo verbal, flexionando-se.

O infinitivo deve ser flexionado nos seguintes casos:

1. Quando o sujeito da oração estiver claramente expresso;

Por exemplo:

Se tu não perceberes isto... 
Convém vocês irem primeiro. 
O bom é sempre lembrarmos desta regra (sujeito desinencial, sujeito implícito = nós)

2. Quando tiver sujeito diferente daquele da oração principal;

Por exemplo:

O professor deu um prazo de cinco dias para os alunos estudarem bastante para a prova.
Perdoo-te por me traíres.
O hotel preparou tudo para os turistas ficarem à vontade.


O guarda fez sinal para os motoristas pararem.

3. Quando se quiser indeterminar o sujeito (utilizado na terceira pessoa do plural);

Por exemplo:

Faço isso para não me acharem inútil. 
Temos de agir assim para nos promoverem.
Ela não sai sozinha à noite a fim de não falarem mal da sua conduta.

4. Quando apresentar reciprocidade ou reflexibilidade de ação;

Por exemplo:

Vi os alunos abraçarem-se alegremente. 
Fizemos os adversários cumprimentarem-se com gentileza.
Mandei as meninas olharem-se no espelho.

Nota: como se pode observar, a escolha do Infinitivo Flexionado é feita sempre que se quer enfatizar o agente (sujeito) da ação expressa pelo verbo.

DICAS:

a) Se o infinitivo de um verbo for escrito com "j", esse "j" aparecerá em todas as outras formas.

Por exemplo:

Enferrujar: enferrujou, enferrujaria, enferrujem, enferrujarão, enferrujassem, etc. (Lembre, contudo, que o substantivo ferrugem é grafado com "g".)

Viajar: viajou, viajaria, viajem ( 3ª pessoa do plural do presente do subjuntivo, não confundir com o substantivo viagem) viajarão, viajasses, etc.

b) Quando o verbo tem o infinitivo com "g", como em "dirigir" e "agir" este "g" deverá ser trocado por um "j" apenas na primeira pessoa do presente do indicativo.

Por exemplo:

eu dirijo/ eu ajo

c) O verbo "parecer" pode relacionar-se de duas maneiras distintas com o infinitivo.

- Quando "parecer" é verbo auxiliar de um outro verbo: Elas parecem mentir.

- Elas parece mentirem - Neste exemplo ocorre, na verdade, um período composto. "Parece" é o verbo de uma oração principal cujo sujeito é a oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo "elas mentirem". Como desdobramento dessa reduzida, podemos ter a oração "Parece que elas mentem."

Vozes do Verbo

Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. São três as vozes verbais:

a) Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo.

Por exemplo:

Ele

fez

o trabalho.

sujeito agente

ação

objeto (paciente)

b) Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo.

Por exemplo:

O trabalho

foi feito

por ele.

sujeito paciente

ação

agente da passiva

c) Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação.

Por exemplo: 

O menino feriu-se.

Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade.

Por exemplo:

Os lutadores feriram-se. (um ao outro)

Formação da Voz Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.


 

1- Voz Passiva Analítica

Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio do verbo principal.

Por exemplo:

A escola será pintada.
O trabalho é feito por ele.

Obs. : o agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a preposição de.

Por exemplo:

A casa ficou cercada de soldados.

- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não esteja explícito na frase.

Por exemplo: 

A exposição será aberta amanhã.

- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação das frases seguintes:

a)

Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo)

 

O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indicativo)

b)

Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)

 

O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo)

c)

Ele fará o trabalho. (futuro do presente)

 

O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)

- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. Observe a transformação da frase seguinte:

O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)

Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva analítica com outros verbos que podem eventualmente funcionar como auxiliares.

Por exemplo:

A moça ficou marcada pela doença.

2- Voz Passiva Sintética

A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE.

Por exemplo:

Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.

Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.

Curiosidade

A palavra passivo possui a mesma raiz latina de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacionam com o significado sofrimento, padecimento. Daí vem o significado de voz passiva como sendo a voz que expressa a ação sofrida pelo sujeito.
Na voz passiva temos dois elementos que nem sempre aparecem: SUJEITO PACIENTE e AGENTE DA PASSIVA.

Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o sentido da frase.

Por exemplo:

Gutenberg

inventou

a imprensa

(Voz Ativa)

Sujeito da Ativa

 

Objeto Direto

 

 

A imprensa

foi inventada

por Gutenberg

(Voz Passiva)

Sujeito da Passiva

 

Agente da Passiva

 

 

Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito da ativa passará a agente da passiva e overbo ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo. Observe mais exemplos:

- Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.

Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos mestres.

- Eu o acompanharei.

Ele será acompanhado por mim.

Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não haverá complemento agente na passiva.

Por exemplo:

- Prejudicaram-me.
Fui prejudicado.

Saiba que:

1) Aos verbos que não são ativos nem passivos ou reflexivos, são chamados neutros.

Por exemplo:

O vinho é bom.
Aqui chove muito.

2) Há formas passivas com sentido ativo:

Por exemplo:

É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.)
És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)

3) Inversamente, usamos formas ativas com sentido passivo:

Por exemplo:

Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas)
Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)

4) Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o sujeito é paciente.

Por exemplo:

Chamo-me Luís. 
Batizei-me na Igreja do Carmo. 
Operou-se de hérnia. 
Vacinaram-se contra a gripe.

Pronúncia Correta de Alguns Verbos

1) Nos verbos cujo radical termina em -ei, -eu, -oi, -ou, seguidos de consoante, é fechada a vogal base desses ditongos:

a)  Pronuncie ei (como na palavra lei):

aleijo, aleijas, aleija, aleijam, aleije, aleijem

abeiro-me, abeira-se, abeiram-se, abeire-se, abeira-te

enfeixo, enfeixas, enfeixa, enfeixe, enfeixam, enfeixem, enfeixes

inteiro, inteiras, inteira, inteiram, inteire, inteires, inteirem

b) Pronuncie eu (como na palavra deu):

endeuso, endeusas, endeusa, endeusam, endeuse, endeuses, endeusem

c) Pronuncie oi (como na palavra boi):

açoito, açoitas, açoita, açoitam, açoite, açoites, açoitem

foiço, foiças, foiça, foiçam, foice, foices, foicem

desmoito, desmoitas, desmoita, desmoitam, desmoite, desmoites, desmoitem

noivo, noivas, noiva, noivam, noive, noives, noivem.

d) Pronuncie ou ( como na palavra ouro):

afrouxo, afrouxas, afrouxa, afrouxam, afrouxe, afrouxes, afrouxem

roubo, roubas, rouba, roubam, roube, roubes, roubem

estouro, estouras, estoura, estouram, estoure, estoures, estourem

2) Nos verbos terminados em -ejar e -elhar, como despejar, almejar, arejar, velejar, pelejar, planejar, espelhar, aparelhar, semelhar, avermelhar, etc., o e tônico profere-se fechado:

despejo (ê), despejas(ê), despeja (ê), despejam (ê), despeje (ê), despejes (ê), despejem (ê)

espelho (ê), espelhas (ê), espelha (ê), espelham (ê), espelhe (ê), espelhes (ê), espelhem (ê)

3) Verbos como englobar, desposar, forçar, rogar, mofar, ensopar, escovar, estorvar, enroscar, rosnar, lograr, etc., têm o o aberto nas formas rizotônicas:

escovo (ó), escova (ó), escove (ó), desposa (ó), ensopa (ó), ensopam (ó), etc.

4) Na terminação -oem, a vogal o é:

a) fechada nos verbos finalizados em -oar:

voem, magoem, coem, doem (doar), soem (soar), abençoem, coroem, abotoem, etc.

b) aberta nos verbos terminados em -oer:

doem (doer), soem (soer), moem, roem, corroem, etc.

5) Nas três pessoas do singular e na 3ª do plural do presente do indicativo e do subjuntivo do verbo saudar, a vogal  u forma hiato e não ditongo:

saúdo (sa-ú-do), saúdas, saúda, saúdam

saúde (sa- ú-de), saúdes, saúde, saúdem

6) O u do dígrafo gu dos verbos distinguir e extinguir não soa. Pronuncie gue, gui como no verbo seguir:

segue, seguem, seguiu, seguiu

distingue, distinguem, distinguiu, extinguiu, etc.